sábado, 30 de abril de 2011

Despercebido


Olhar e desolhar por medo da percepção, por medo da rejeição.
As bochechas coram, o sangue ferve, a imaginação vaga por entre os lábios rosados e a pele que se mostra delicada e macia. Mas nada pode ser tocado.
E você reza para que ninguém esteja fazendo o mesmo com você.
Ou até mesmo a te observar.

terça-feira, 26 de abril de 2011

E como se fosse algo dispensável, eu venho deixando de lado aquela vontade de ter um amor a dois, de cama, vinho tinto, banho de espuma e filmes românticos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sejamos Gays. Juntos.


Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Tarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.

Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.

Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.

E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.

Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.

Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?

Quero então compartilhar essa ideia com todos.

Sejamos gays.

Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY

Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:

1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY

2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com

3) E só :-)

Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.

A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.

Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.

As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.

Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.

— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —

(extraído do site: http://projetoeusougay.wordpress.com/)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Piano de lembrança


Eu tocava cada tecla daquele piano e podia sentir tudo em minha volta desaparecer e o rosto dela se fixar bem à minha frente. As pontas dos meus dedos iam varrendo a poeira do tempo e elas se escondiam pelos vãos. Ela também se escondia, era melodia solta, cabelos longos e claros, era clava de sol, era solista em meu show.
Soava como lullaby, e nas noites mais escuras era melodia, minha 9ª e particular sinfonia.
Fechei o piano e reguei a rosa vermelha posta em sua parte superior. Vermelha como seu vestido, seu timbre, seu tom. Vermelho também foi seu batom. E eu fui seu amor, tanto quanto seu cantor. Posso ainda ouvir seu coração batendo no mesmo ritmo da canção, aquela do primeiro beijo.

sábado, 2 de abril de 2011

Mind

Eu não sei mais por quanto tempo isso vai continuar acontecendo. Esse sentimento de que não sou útil para as pessoas com quem me importo, esse vazio que não se preenche, uma solidão que me faz passar por "garotinha depressiva".
Porque é exatamente isso que todos enxergam e parece que esquecem que eu tenho sentimentos, e muitos deles ainda estão quebrados, incompletos, desfigurados pelo acidente que sofreram.
Quando eu sorrio fico procurando motivos para isso ao invés de simplesmente sorrir, e isso pra mim não é felicidade. Quando digo que estou bem é só uma simples resposta para aquela pergunta clichê que todos fazem ao cumprimentar uns aos outros. Quando entro em meu local de trabalho me transformo em uma outra Priscila, a qual não pode se deixar abater por sentimentalismos bobos - é assim que devo pensar. Quando saio com meus amigos e amigas, são as bebidas que dão conta do recado e produzem uma máscara em mim, um escudo protetor. Já não sei mais ser eu mesma e isso é tudo que eu quero poder ser, com todos e independente da ocasião. Mas acontece que esse medo idiota de me ferir mais uma vez acaba tomando conta de tudo. E é aí que as lágrimas entram. Ou saem.