segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Porcelana

Eu tinha uma bonequinha de porcelana. Delicada, de cabelo escuro preso em uma trança só com um laço rosa na ponta, vestido de época e sapatinhos pretos que fiz minha mãe comprar um igual. Tinha um luxo por tal qual minha avó tinha por mim, fazia todos os meus gostos por mais extravagantes fossem. Tanto que meu quarto tinha várias prateleiras cheias de bonecas enfileiradas, mas esta, a de porcelana ficava de frente para minha cama, sentada na mesinha de estudos, um lugar só para ela, de destaque. A amava tanto que certas vezes sonhava que estávamos em um lindo jardim e ela tomava chá comigo, como nos filmes, e nós conversávamos sobre desenhos animados. Acordava tão feliz que um dia podia jurar que era exatamente ela quem me chamara para a escola. Mas em outro acordei triste pois ela havia ficado com os olhos vermelhos e brigado comigo.
Sua imagem era a primeira coisa que via ao acordar. Ao deitar também, e mais uma vez, podia jurar que fora ela quem me disse boa noite, tentei a observar pelo breu enquanto ouvia, se sua boca se movia. E moveu.

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