quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Lar, agridoce lar.

Amontoei todas as minhas coisas dentro de uma pequena mochila preta surrada com vários chaveiros pendurados, que faziam barulho enquando eu caminhava. Bati a porta dos fundos sem olhar para a cozinha bagunçada e a pia que deixara suja noite passada. Chutei as latinhas de cerveja que embarassavam meu caminho e uma vassoura caiu ficando pendurada na samambaia da lavanderia. Puxei o portãozinho que vivia destrancado e ele emitiu o mesmo ruido que encomodava o ouvido de qualquer um. Saí visualizando tudo que passava por minha frente, mas nunca ao meu lado ou atrás de mim, as lágrimas que desciam eu ignorava, as enxugava com se fossem fruto de meu suor. A música tapava minha percepção do mundo. Bom e velho Ipod.
Meus pés aceleravam os passos a cada dez ou quinze minutos, até que depois de muito tempo passado, as pernas foram se cansando e já não ritmava como antes. Sentei em vários lugares, provei de várias águas, gastei meu dinheiro em comida e por isso tive que dormir em um banco qualquer. A brisa ia e vinha por meus cabelos e penetrava minhas roupas. Não era fria, mas me fazia sentir falta daquela cama confortável e daquele corpo quente que me abraçava todas as noite. Mas a confusão em minha cabeça se fazia maior que toda essa saudade vaga.
Passei por entre as árvores e hesitei por muito tempo a encarar a porta da frente. Pude ver que estava aberta e dela vinha um cheiro que não me era estranho. Afastei a porta com uma de minhas mãos e espiei acanhada, quandoa vi com os olhos úmidos e avermelhados sentada na borda da pia que, por sinal, já estava limpa e arrumada. Num sussurro rouco, ela me avisou:

- Fiz café.

foto de : http://s400.photobucket.com/albums/pp85/karamccuistion101/?action=view

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