domingo, 3 de janeiro de 2010

Find the love, just it.

Eu nem me lembrava qual fora a última vez que senti meus lábios sendo beijados por alguém que realmente me amava.
Talvez isso nunca tenha acontecido.
Minha vida era fácil, meus amigos eram meu conforto, me animavam em qualquer momento.
Sempre tínhamos grandes noites com grandes feitos e grandes ressacas no dia seguinte.
Mas sentia falta de uma vida mais calma, precisava ser... Amada.
Foi quando encontrei um par de olhos verdes no meio da multidão. Me fitavam com intensidade e eu atendi ao chamado.
Conversamos, nos conhecemos, rimos, nos beijamos. Ele me levou para casa e lá também ficou. Senti seu toque quente, hora calmo, hora em um certo desespero agradável. Por uma semana aquele rapaz me fez feliz. E quando o vi aos beijos com outra garota em uma mesa de restaurante, não senti raiva, não me magoei, não estremeci, não chorei. Parei, olhei e segui o meu caminho. Não o atendia mais quando me ligava e por fim ele saiu da minha vida. Eu o tirei dela. Porque ele me fez feliz por alguns dias, mas eu precisava mais que isso, precisava ser amada.
Não ia ficar assistindo filmes românticos com uma caixa de lenço o lado, armazenando meu estômago com chocolates e sorvete - por mais que essa parte fosse realmente tentadora - , como de costume, saí com meus amigos e foi divertido como todas as outras vezes. Fiz novas amizades e dentre elas um cara legal se destacou, me fazia rir o tempo inteiro. Talvez seria legal conhece-lo melhor. E foi o que fiz. Não foi para minha casa, nem senti seus toques urgentes me chamando para perto. Combinamos de sair para jantar umas duas vezes. Quando os beijos começaram a ficar mais intensos que o normal, o carro dele estava a nossa espera. Duas horas depois estava em casa sem conseguir dormir. Ele havia me tocado com tanta delicadeza... Poderia me iludir achando que ele estivesse realmente gostando de mim. Mas eu estava sendo recíproca?
O meu comediante-ficante voltou para a cidade onde morava, estava só de passagem, mas disse que não me deixaria. Nada respondi e esbocei um simples sorriso.
Eu ainda precisava ser amada. E precisava amar também.
Comecei a pensar demais na vida depois disso. Talvez se eu tivesse deixado tudo como estava, isso não aconteceria, não ficaria sentada na minha cama com os olhos fixos no nada em minha volta, pensando em coisas que iam se encaixando na minha cabeça involuntariamente. Eu continuava precisando ser amada.
Não havia nada para o café da manhã no dia seguinte. Desci para a padaria proxima ao prédio. Livros esbarraram em meu braço e eu me assustei, olhando rapidamente para o lado para ver de onde vinham. Cairam todos ao chão enquanto tentava, em fraçao de segundos, a quem iria ajudar a recolhe-los. Não me movi um só centímetro, meus lábios se desgrudaram um do outro, minha pupila se dilatou, como se quisessem saltar para enxergar e gravar aquela imagem com mais perfeição. Alguns fios de cabelo cobriam-lhe a bochecha esquerda. Sua mão de unhas bem pintadas os colocaram atrás da orelha. Saí do transe ao ouvir uma voz macia me pedindo desculpas. Pestanejei algumas vezes, encontrei minha voz novamente e disse a ela que não tinha problema, que eu iria a ajudar. Estranho, mas me senti em uma cena de filme romântico, daqueles que o amor a primeira vista acontece. Os livros, minha cara de abobada, o jeito desconcertado da garota... Garota. Nunca havia visto uma garota tão linda, nunca ficara tão abismada com a beleza de alguém assim antes.
A ajudei com os livros, senti algumas vezes a textura de sua pele ao tocar seus braços e mãos suavemente enquanto juntava os livros. Ela sorriu envergonhada. Nem eu havia percebido que estava a encarando por quase um minuto inteiro. Estendeu a mão para mim dizendo seu nome.
Subi para o apartamento dela a ajudando com os livro, a convidei para tomar café comigo.
Não precisava de muito esforço para que o assunto se estendesse. Era fácil ser eu mesma com aquela menina. Talvez ela estivesse sentindo a mesma coisa. Seu sorriso atava meu circuito nervoso a todo momento. Minha voz se embaraçava quando era necessário falar após o silêncio pairar por alguns segundos e nossos olhares se encontrarem.
Tomamos café da manhã juntas por minhas outras vezes. Na padaria, em minha casa, na casa dela, no restaurante, no parque, no shopping. As mãos entrelaçadas começaram a ser mais frequentes, os abraços também. Era estranho, bom, constrangedor, diferente e impossivel de disfarçar ou ignorar. Os breakfasts deram lugar aos jantares. Em um deles, tentei me aproximar. Ela não hesitou. Toquei seus lábios com os meus e, para minha surpresa, ela não se afastou e retribuiu.
Na manhã seguinte, olhando aquele anjinho de pele macia e perfume perturbador dormindo, conclui que sim, eu havia aprendido a amar - mesmo não sendo da forma que pensei que seria - , ela me ensinou, e as coisas não eram mais as mesmas. E eu precisava continuar sendo amada.

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