sábado, 12 de novembro de 2011

Perfume de dar medo

Quando era criança, eu tinha um pesadelo que se repetia por várias e várias noites. Eu estava escondida embaixo de uma mesa branca dentro de uma sala toda branca, algumas pessoas estavam sentadas em volta, inclusive meu pai e minha mãe. Havia um padre na ponta da mesa e uma senhora de idade ao lado dela, de cabelos grisalhos, roupas sujas e rasgadas, com muitas rugas por todo o rosto, suas unhas era pontudas e mal cuidadas. Ela empunhava uma faca, dessas que se usa em cozinha mesmo, e se mostrava um tanto quanto atordoada. Eu estava com medo de sair debaixo daquela mesa e a velha me pegar, mas criei coragem e sai correndo. Foi então que percebi que estava dentro de uma igreja. Meus pais sairam correndo junto comigo pelas escadas. A senhora começou a nos seguir, correndo - a seu tempo - atrás de nós. O único caminho a se tomar era o de um labirinto, todo enfeitado com rosas pintadas de vermelho, assim como "Alice no país das Maravilhas". Enquanto fui seguindo o labirinto, tentando encontrar a saída, perdi meus pais pelo caminho e as flores e os arbustos foram ficando cinzas, como se alguém tivesse provocado uma queimada, e o cheiro de rosas mortas e tinta fresca foi invadindo meus pulmões. Tudo atrás de mim ia desaparecendo, então tropecei em algo e caí, olhei rapidamente para cima, mas a escuridão era a única coisa que havia alí. Então eu acordava, e o cheiro das rosas permanecia. Até hoje sei identificar o aroma exato, e todo esse pesadelo nunca mais saiu da minha cabeça.

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