quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Respirar e sentir

Pisei em brasa ardente por tantas vezes, tropecei nas maiores pedras que meus olhos já avistaram. Derramei lágrimas que pesavam mais que a dor de um inverno rigoroso e tempestuoso, raspavam meu rosto e iam se jogando pelo chão antes que meus pés chegassem primeiro. Por hora caia, volta e meia me jogava, e não sei por onde minhas forças encontravam atalhos para regressar. Cuspi veneno em meu próprio corpo, como chamas, ele me consumia a cada longo dia. Rasguei minhas melhores memórias para obter uma mente nova, sem nuvens negras sobre rostos desfigurados que me fizeram o que o espelho mostrava.
Engoli a seco toda a angústia de uma vida construida sobre uma base de nome mentira. Ela conseguiu corroer toda minha sanidade até a última gota. Mas eu a venci.
E agora que cheguei aonde estou, quero despir-me de todo rancor e toda escuridão que se chocara dentro de mim, quero um novo Sol, uma nova Lua, quero chuvas para lavar meu pesar, quero neve para brincar, quero sorrir verdadeiramente e sentir que isso me faz bem. Quero sentir desejos, vontades, provar do agridoce da vida, saborear os pequenos delírios do pecado e da luxúria, quero esgotar minhas forças e poder desfrutar de uma cama grande e macia. Respirar sem que meu peito reclame. Respirar e sentir o perfume doce de alguém que vai me doar amor, como deve ser, da forma mais pura e satisfatória possível. Alguém que confie nas próprias palavras antes de proferi-las.

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