terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Confiança

Me deram de presente um cristal lindo, preso em um pedestal para que não quebrasse. Ele refletia todas as cores do arco-íris dia após dia por qualquer lugar que eu fosse, me fazia brilhar assim como o Sol de uma manhã luminosa e sem nuvens. Era minha felicidade poder apreciar toda aquela beleza que fora dada somente a mim, para que eu cuidasse como ninguém.
Mas a mesma pessoa que havia me presenteado me enviou um telegrama, alegando que a peça estava trocada, que o cristal era falso e que eu deveria manda-lo de volta para que a troca fosse feita. Eu o olhei com demasiado pesar, relembrando os momentos em que ele fazia minha vida mais nítida e colorida. Percebendo que era falsa toda aquela nitidez, pedi que fosse enviado pelo correio para receber o original.
Dias depois, o mesmo cristal falso voltou para minha correspondência e no pacote estava assinalada a informação de que o remetente era inexistente.
Pois na confusão, voltei o cristal ao respectivo pedestal deixei num cantinho da estante. Afinal, ele ainda brilhava, então que servisse de enfeite.
Mas o remetente... Ah, esse quebrou minha confiança, tal como um cristal verdadeiro se quebraria ao tocar o chão com brusca força.
Talvez um dia possa ele tentar concertar o estrago feito. Talvez.

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