quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Burn and carry on.

Ela ligou para todos os números que pode sortear da lista telefônica só para não pressionar o 3 da discagem direta de seu celular e ouvir a voz que lhe disse adeus há um mês atrás. As pessoas atendiam e não a compreendiam, alguns se envolviam no assunto, outros ignoravam e até a chamavam por nomes ruins, mas ela sinceramente, não estava se importando com isso.
Ela rodou a cidade inteira e apertou algumas campainhas por aí só para não bater palma na casa verde duas quadras longe de sua rua. Corria feito criança, se sentiu realmente como uma, como há uns 14 anos atrás. Os moradores às vezes a pegava de surpresa, ela não se acanhava e puxava uma boa conversa, que nem sempre saia tão boa assim, mas ela realmente não estava se importando com isso.
Ela revirou todas as recordações de família e esparramou um amontoado de fotos sua da época de infância só para não rasgar as que estavam guardadas na caixinha rosa embaixo da cama. Teve a paciência de separar as fotografias por ano, e quando não se lembrava, ia pela semelhança, depois agrupou de volta no álbum antigo e amarelado. Também estava se sentindo assim, como aquele objeto que vivia guardando na parte inferior da estante. Então, começou a se importar com isso. E muito.
Queimou a caixinha.

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