quinta-feira, 23 de setembro de 2010

" Olhos de cigana oblíqua e dissimulada. "

Era amargo seu beijo. Tinha gosto de cigarro de menta e álcool. E o doce de seus lábios delineados com gloss de cereja faziam do conjunto da obra, uma perfeita e errante criação.
Eu ficava inibida e com uma inquieta curiosidade quando seus olhos me atacavam. De um jeito tinhoso e cheio de malícia que eu nunca havia encontrado igual. Despertava em mim as piores e melhores intenções, meu pensamento voava Deus sabe para onde, me perdia no meio da multidão somente por admirar sua beleza incomum. Ela marcou mais uma vez o filtro do cigarro com sua boca e eu mal me importava com a fumaça que vazava entre nós. Somente com a distância que ficava cada vez menor. Suas mãos de unhas bem pintadas aguçava meu interesse e eu nem conseguia responder seus toques à altura, por estar um tanto quanto hipnotizada.
Foi quando uma risada insana saiu de ímpeto da garota e eu abri um meio sorriso sem entender qual era a graça. Então ela parou, bebeu um gole de seu drink e me olhou, demonstrando fascínio e afeto. Deixou seus lábios em uma linha curva - não me parecia um sorriso - e tocou meu rosto como quem toca uma peça de museu rara (sem demais comparações.). Jogou fora o cigarro, segurou firme em minha mão e me levou para sua casa.

Um comentário:

  1. 1º Aqui está lindo.
    2º Adorei o conto.
    3º Essas boboletras sempre me fazem bem

    Beeeijos :)

    ResponderExcluir