quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Conta gota

Cada gota conta uma história diferente quando escorre no corpo da gente. Cada marca no corpo da gente é um passado. Um passado tão presente na mente quanto as preocupações do dia a dia. Ele não te deixa em paz, não é mesmo? Quando menos espera, alguma lembrança te pega desprevenido, e nem a água quente do chuveiro lava essa agonia embora. Antes de se enxugar, as gotas param grudadas na pele e creio que seja um dos detalhes banais que mais admiro. E se você se mover bem devagar, uma acaba se juntando com outra, traçam caminhos até chegar ao chão, ficam dançando em você até que por fim se vão. E voltam no próximo banho. E se vão. E voltam. Mas ela não volta não.
Lembra quando a água do corpo dela era a mesma que a sua? É claro que se lembra, em cada ducha. E a esponja que ela deixou pra trás. E aquela toalha jogada na cama. E aquela cama. Os dias deixados pra trás. E hoje você derrama lágrimas onde antes tinha espuma de barbear.