terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sigla

Ferrei com tudo. Bati de frente com as palavras e jorrou tristeza pelos espaços. Inundou as entrelinhas. E agora? Quem é capaz de entender essa bagunça? Esse cenário de borrões na contramão, esse negócio abarrotado com ponto, vírgula e exclamação. Essa agonia em forma de poesia, esse trapézio sem circo nem folia. Essa distância de dois centímetros no parágrafo fez a tua letra S maiúscula parecer um infinito ao contrário, sem a segunda parte pra fechar todo o trabalho. Falando nisso posso até juntar meu P pra formar sigla de cidade ou um PS no fim desta carta, que fiz pensando em você.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ê, menina.

Mais uma vez aqui, escrevendo. Porque talvez seja a única coisa em que eu seja realmente boa. Ou mais ou menos boa. Bom mesmo é ta junto dela e ter inspiração pra passar tudo pra uma folha de papel qualquer. Faço uns bilhetinhos pra ela nas horas vagas, às vezes entrego na hora, às vezes guardo comigo pra alguma ocasião importante. Mas eu a magoei, profundamente. E foi de uma forma que não assimilei muito bem até então. Mas o que eu sei é que ela ta lá, lá não sei como. E eu to aqui, me segurando nas beiras, chorando como de costume. Porque é como se fosse algo corriqueiro, eu chorando, claro. Porque eu sou sempre esse chororô infinito de culpa e lamentação. Pareço aquele muro, das lamentações. Cheia de bilhetinhos presos no corpo que ninguém abre.
Se abrir é algo complicadíssimo. Fiz isso tempos atrás e me fechei o máximo que consegui, quebrei alguns corações, fiz algumas pessoas infelizes, me maltratei por isso. E me maltrataram também. Daí a gente descobre o amor de verdade, que tava bem do lado direito, ele passa pro esquerdo, e dá um piripaque danado pensar como é louco esse negócio. Talvez eu devesse ligar e dizer que a amo, mas a cabeça dura talvez nem atenderia, ou me trataria com um certo descaso, mas um puta sentimento tremendo na voz. Essa tremedeira dá no corpo inteiro, porque é amor. Porque ele faz umas bobeiras com a gente, deixa a gente sem fome, com frio no calor e com calor no frio, deixa a garganta fodida e os dentes rangendo e a cabeça cheia de minhocas. Deve estar conversando com alguém, olha ela ali online, olha a foto dela. Meu deus, como é linda, a mais linda que já vi em toda minha vida. Não to mentindo nem exagerando, é a mais linda. A pele tem cheiro bom e toda macia, dos pés a cabeça, até seu cabelo.
Já tentei deitar, ouvir música, mas confesso que ta sendo pior. Tem um moletom com o perfume dela que não me deixa dormir, ou me acalma ou me agita. E eu, que tanto sou desesperada vou pegar no sono lá pela metade da madrugada e acordar como se um trator tivesse passado por cima de mim.
Ela poderia estar passando por cima de mim agora, desfilando suas mãos em mim. Cadê seu beijo, menina? Cadê seu cheiro? Eu pedi perdão, pedi desculpas até em hebraico mas, cadê você, branquinha?