domingo, 1 de janeiro de 2012

(in)constante

Vem e joga tua angústia num copo de cerveja, destila seu veneno acabando com a garrafa de vodka roubada. Afugenta teus pensamentos sórdidos na nuvem de fumaça de um cigarro barato. Deixa teus monstros trancafiados no vazio de tua consciencia, que de tão pesada, parece estar sobrecarregada. Vários sorrisos irão estampar teu rosto momentâneamente e todos acharão que estás feliz, até mesmo teus melhores amigos. Tua maquiagem vai começar a se desfazer e teus olhos irão tomar uma forma sonâmbula, com fortes olheiras abaixo deles. Abrace aqueles que te levam para o caminho mais fácil para a libertação de suas dores, diga que os ama.
Mas quando a noite cair novamente, e a solidão for sua companhia, e o vento lhe trazer o perfume fresco do qual tu não podes se lembrar, as lágrimas cairão sobre o que restar de tua maquiagem borrada e não haverá  nenhum braço para te envolver. Não haverá bebida que te sacie a agonia nem cigarro que te tampe a visão  frente a um espelho molhado pelo vapor do chuveiro. Quem é que te acolhe nessas horas? Onde estão teus falsos sorrisos? O que restara de ti, afinal?