quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Se eu chorar. J&M

" Pra viver eu só preciso de você. Pra ser feliz eu só preciso te merecer. Pra ser melhor tem que acontecer de novo em outra vida. Pra não chorar, vou cuidar tanto desse amor. E se eu chorar vai ser de saudade, eu vou te ligar quando ela bater. Às quatro ou cinco da manhã, falar que eu sou teu fã e só liguei pra dizer: que a gente se encaixa. é a tampa e a panela, é a chama e a vela, é a cama e o colchão. E que o mal de quem ama é saudade, você é a metade do meu coração. E que eu sou o amor da sua vida, eu sou água doce pra você beber. E que eu quero ouvir da sua boca que você é louca por mim, como eu sou por você. "

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

" Olhos de cigana oblíqua e dissimulada. "

Era amargo seu beijo. Tinha gosto de cigarro de menta e álcool. E o doce de seus lábios delineados com gloss de cereja faziam do conjunto da obra, uma perfeita e errante criação.
Eu ficava inibida e com uma inquieta curiosidade quando seus olhos me atacavam. De um jeito tinhoso e cheio de malícia que eu nunca havia encontrado igual. Despertava em mim as piores e melhores intenções, meu pensamento voava Deus sabe para onde, me perdia no meio da multidão somente por admirar sua beleza incomum. Ela marcou mais uma vez o filtro do cigarro com sua boca e eu mal me importava com a fumaça que vazava entre nós. Somente com a distância que ficava cada vez menor. Suas mãos de unhas bem pintadas aguçava meu interesse e eu nem conseguia responder seus toques à altura, por estar um tanto quanto hipnotizada.
Foi quando uma risada insana saiu de ímpeto da garota e eu abri um meio sorriso sem entender qual era a graça. Então ela parou, bebeu um gole de seu drink e me olhou, demonstrando fascínio e afeto. Deixou seus lábios em uma linha curva - não me parecia um sorriso - e tocou meu rosto como quem toca uma peça de museu rara (sem demais comparações.). Jogou fora o cigarro, segurou firme em minha mão e me levou para sua casa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Think about it


- O que tem em você que me deixa tão abobada?
- Não faço a mínima ideia.
- É estranhos, pois mesmo não ouvindo as palavras que eu espero vir de você, eu continuo assim (...)
- Porque você é idiota.
- Não. Eu diria, apaixonada.
- Hum.
- Você tem a certeza de que não vai me perder?
- O que?
- Você tem uma certeza guardada aí dentro que te diz que você não irá me perder?
- Não.
- Pois deveria ter.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pray

Ah se eu pudesse respirar por ela. E tirar toda essa dor e rasga-lhe o peito. Se eu pudesse ter a cura para todas as suas enfermidades, e não deixar que mal nenhum lhe atacasse os órgãos. Se eu fosse capaz de faze-la parar de tossir incansavelmente e supri-la de toda vitamina que lhe é escassa.
Queria ser seu remédio mais forte, com as substâncias mais curativas, e que pudesse ser usado em qualquer defasagem na saúde. Mas como não tenho todo esse poder, confortaria-me permanecer ao seu lado. Fazer compressas de água quente, levar inúmeros copos d'água e coisinhas nutritivas para que ela tentasse comer e melhorar aos poucos. Lhe dar remédios prescritos pelo médico, e todo o afeito que detro de mim se guarda.
Nem isso.
Nem ser apenas sua enfermeira particular posso eu. Nem tão pouco uma visita de clichê. E isto me fere tanto quanto a dor que ela sente ao adoecer. Então me ponho prostada, de mãos unidas e apertadas, os olhos cerrados como se tentassem enxergá-la por algum vão de meu pensamento. E peço aos sussurros para que Deus a proteja e não a deixe de cama, que traga de volta suas alegrias e risadas calorosas, como de costume.
Eu rezo. É o que me resta fazer. E tento me confortar com uma canção ou outra, trazendo no peito a certeza de um novo amanhã, e um pequeno encômodo, devido à nossa ligação, algo que apenas nós entendemos.
Eu choro baixinho, pra ninguém escutar. Por apenas poder rezar. Rezar para que minhas preces substituam meus cuidados não dados por falta de proximidade. Eu choro baixinho, por excesso de amor e carinho.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vai entender...



Eu fui falar de mim e me esnobaram. Fui discutir sobre política e eles fugiram. Fui pedir paz e eles guerrearam. Fui insultar a guerra e eles me insultaram. Tentei questionar a religião e eles me exorcizaram. Cheguei até a falar de amor, mas eles me calaram.
Então gritei.
E nada.
Pois, vencida pelo cansaço, me calei.
Foi então que eles vieram me perguntar o porque de minha estranha quietude.

Irracional

Jogou os pratos ao chão, puxando até a toalha que cobria a mesa, os copos voaram e se espatifaram na parede. Eu apenas ouvi a cena, levei automaticamente as mãos ao rosto, escondendo as lágrimas que jorravam sobre ele, eu não conseguia conter aquela necessidade de chorar, eu enlouqueceria se não me obedecesse naquele momento. Não era medo daquele homem descontrolado a minha frente, eu sabia entender perfeitamente sua reação, talvez em seu lugar não teria feito diferente.
Ele cuspia sobre mim todas as palavras que um dia eu tive medo de que fossem proferidas por aquela boca macia que por tantos anos vinha me dando beijos e promessas doces de amor. A dor contida em cada frase me fazia chorar ainda mais, era eu a culpada por toda raiva jogada para fora. Fui eu que não soube me controlar, foi por um motivo fútil que me deixei levar. Fui eu que joguei as cartas erradas e blefei com insegurança. Pois depois de tudo, tinha plena consciencia de que o acontecido, não deveria nunca acontecer.
Eu provei de outro gosto. O doce ficou amargo. As paredes de meu único castelo caía sobre mim naquele momento, e era eu que as havia martelado. Eu queimava por dentro de culpa, cada lágrima era água quente fervendo em minhas bochechas. Eu não conseguia ao menos olhar para ele. Um tapa tirou minhas mãos que escondiam a vergonha. E pude ver seus olhos vermelhos e marejados. Suas mãos segurando com mais força que eu pensei que seria capaz de suportar e fui questionada com a pior das perguntas: Por quê?
Meu corpo reclamou e meus olhos se arregalaram. Ele sentiu o medo repentino vindo de mim e saiu. Eu não o vi por mais de duas semanas, sobrevivi a base de água, biscoitos, vodka, cigarros e fotos. Mal podia me olhar no espelho, não queria encontrar meu rosto levemente desfigurado de tanto chorar. Chorar o pecado, a pior de todas as idiotices de minha vida. Foi quando a porta se abriu bruscamente e eu vi sua sombra se fazer ao chão. Eu corri, tropeçando várias vezes, jogando o que havia no caminho para longe. A luz do Sol me fez pestanejar. Corri em direção do rapaz parado a porta. Abracei-o como nunca havia feito. Senti suas mãos frias tocarem, por mais uma vez, meus braços e me afastar. Eu o olhei, pedindo de boca fechada para que ele voltasse para mim. Mas somente eu não havia percebido, que aquilo era um adeus. Sua nova mulher o esperava, logo atrás, parada dentro de seu carro. Eu apenas cai e lá fiquei, enquanto ele arrumava suas coisas. Saiu sem dizer uma palavra sequer. E deixou a porta aberta. Mas era apenas uma simples porta de uma casa velha onde ele deixara a pessoa que mais o amou em toda sua vida. Mesmo sendo apenas uma fraca, eu era a única em sua vida, e sabia disso. É, eu sei.
" Just gonna stand there and watch me burn. But that's allrigh because I like the way it hurts.
Just gonna stand there and hear me cry. But that's allrigh because I love the way you lie. "

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Caminhos - parte final.

Mas, mesmo meu alvo estando ligeiramente próximo a mim, me senti como se caísse de um edifício de 20 andares, senti o vento me nocautear por todos os lados e minha camisola ir junto com ele numa descida lenta. Ouvi a melodia do piano que vinha da caixinha de música da mesa velha, junto com as portas batendo e caindo aos pedaços. Fechei os olhos enquanto não sentia minha aterrisagem. E não pensei em nada. Pela primeira vez, minha mente estava vazia.
Abra os olhos, meu amor.
A voz doce e ainda risonha chegou até meus ouvidos. Foi quando percebi que meu momento de paz havia terminado. E não fora um desastre, ninguém caiu no chão, muito menos se feriu. E estava em seus braços, mais uma vez, enrroscada em seu pescoço, a olhando como uma criança que passa por um ursinho de pelúcia e se encanta.
Vamos para casa.
E por fim, eu encontrei a saída para um novo começo, e não uma entrada. A menos óbvia e mais incompreensível. A minha saída.




Caminhos - parte 3.



As portas começaram a bater freneticamente, muito mais do que antes. Passei os olhos por cima do ombro e balancei a cabeça negativamente, voltei para a janela e a garota lá embaixo. Ela, que me oferecia espinhos ao invés de rosas, mas que dizia ser meu band aid, caso me ferisse. Que me mandava calar a boca quando o que ela mais queria era me ouvir, que preferia o silêncio a ter que me dizer seus sentimentos reais, mas que, nos pequenos gestos, deixava escapar a explicidade do ser. A garota que se poupava do trabalho que dava explicar, e das lágrimas que eu iria derramar caso ela não evitasse falar. Que não gostava de me ouvir chorar, por querer chorar também.
Eu lembrei de tudo que aquela droga me trouxe, todo e qualquer vestígio de dor e prazer que ela havia me proporcionado até então. O vício mais forte que eu já tive conhecimento, o meu único também. E uma reabilitação seria totalmente fora de cogitação. Foi uma conclusão que eu tirei alí, vendo seu corpo me chamar e sua alma sussurrar pelo olhar. Sim, porque apenas - e unicamente eu podia ve-la assim. Por mais máscaras que fosse possível colocar sobre seu rosto manchado, eu sempre o veria como ele realmente era. Sua carne era fraca e a minha, mais forte que a dela. Seus pensamentos não coincidiam com os meus, nem mesmo as ideias. Sua vida era uma reta x e a minha, uma reta y, e ambas se encontraram em um determinado ponto que dou o nome de 3,14. Algo imprevisível, de um valor enorme e dificil de calcular precisamente.
Eu tinha mais de 10 caminhos ali, naquela mesma sala vazia onde eu estava, poderia escolher qualquer um que convinha a mim. Mas eu me joguei. Empulerei meu corpo sobre a janela, mirei bem onde os braços da garota estavam, e pulei. A altura não era muita, quebrar algum osso ou coisa do tipo não estava nos meus planos e também seria pouco provável.

domingo, 5 de setembro de 2010

Caminhos - parte 2


Eu não conseguia ver a paisagem do lado de fora daquele cômodo, e me deu uma certa curiosidade, pois entrei sem passar por portões, ruas, nem nada que me fizesse saber meu paradeiro. Destravei o trinco da enorme janela de vidros lisos e fui arrastando-a lentamente para que se abrisse. Era estranho ter uma janela tão moderna meio a um lugar tão século XIX. Pois bem, abri toda a janela e era como olhar para um lençol branco estendido no varal. Alguns vultos e borrões o ultrapassavam, mas nada concreto, que eu pudesse me familiarizar. Me apoiei sobre a janela e tentei forçar um pouco mais a minha visão, calmamente. E nada. Mas, nada mesmo. E o pior, a barulheira prosseguia sem cessar. E eu nada podia fazer. Fechei a janela.
Comecei a andar em passos vagarosos pelo lugar, observar a arquitetura, os quadros de pinturas paisagistas, tinha um de um jarro com apenas uma flor vermelha dentro de fundo beje escuro, era bonito. Encontrei em cima de uma mesa coberta por um pano branco empoeirado uma caixinha de música. Abri e um som suave de piano começou a tocar, eu coloquei próximo a meu ouvido para ouvir melhor e sorri. Era tão gostoso como deitar em uma rede, no puro som da natureza. Me imaginei deste mesmo modo por um instante, fechei a caixinha depois de admirar a bonequinha bailarina que havia dentro dela e coloquei perfeitamente onde estava, mas a limpei por cima primeiro. Bati as mãos uma na outra e passei por minha camisola, voltei andando para onde estava o sofá e me sentei. Queria tapar os ouvidos mas fiquei com medo de que as portas percebessem.
E se eu as enfrentasse? E se eu escolhesse uma delas? O que haveria por trás? O que tanto elas queriam dizer a mim com toda aquela revolução? Meu pai sempre me ensinou a bater antes de entrar e nunca fazer algo que eu não tivesse pelo menos uma pequena noção do que eu teria como consequência. Novamente, deixei o sofá, respirei fundo e me preparei para um confronto psicológico. Talvez estivesse eu, sendo dramática demais? Eu fui andando em direção a elas e o barulho foi aumentando, eu parei atordoada com tudo aquilo, respirei fundo por mais uma vez e prossegui. Parei na primeira porta da direita e ela se fechou diante de mim. Assim, todas pararam também. Eu bati. Três batidas formais. Então ela se abriu e pude ver muitas pessoas juntas, pareciam estar dançando, era dificil ver pela escuridão da imagem, e foi somente o que deu para ver, logo ela se fechou bruscamente. Fiz isso por todas as portas, e todas me mostraram figuras de muitas pessoas, algumas não mostraram absolutamente nada, outras de congestionamentos e altos prédios, uma mostrou um campo lindo e infinito, me pareceu perfeito, mas me contive. Todo aquele concerto de portas parou e eu podia sentir o zumbido dentro dos meus ouvidos. Mas ouvi um maior ainda e, quase que instantaneamente, olhei em volta, um pouco apreensiva. Depois de um itervalo de tempo, ouvi novamente e tentei destinguir de onde poderia vir o barulho, o que me levou até a janela. Corri até ela e abri de súbito. Passei os olhos por todo aquele branco meio borrado, zanzando de um lado para o outro, quando vi logo abaixo um sorriso. Ah, eu reconheceria aquele sorriso de longe. E o restante do rosto se fez em minha visão. Os olhos maquiados, um pouco borrados nas laterais, brincos presos nas orelhas, um copo de alguma bebida na mão esquerda. Ela gritou e começou a rir. Trançou um pouco as pernas, pois pude perceber o desequilibrio e algumas gotas do líquido respingando no chão. Minha expressão exclamativa mudou para uma de insegurança. Foi aí que ela jogou o copo fora e, ainda rindo ergueu os braços, fazendo um tipo de curva com eles e voltou a gritar, agora pedindo para que eu pulasse. Eu estranhei, mas não disse nada, só fiquei a pensar, para entender aquilo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Caminhos - parte 1.

Eu desisti de abrir todas as portas que mudavam de posição a minha frente, elas se embaralhavam diante de mim para que eu pudesse me confundir. Então arranjei um sofá confortável e me sentei, fingindo que não estava vendo elas se mexerem. Aproveitei para escrever um poema, ou dois. Me deitei confortavelmente com a cabeça sobre uma almofada macia, tirei até um cochilo, até as passagens se cansarem de tentar me fazer de boba. Eu já aprendi a lidar com o desespero e a incerteza, elas não me ferem mais, não me surpreendo mais com as dificuldades e estou indo bem nisso, mais do que achei que fosse capaz.
Todas as portas pararam e se enfileiraram em minha frente, uma ao lado da outra. Pude ver por minha visão periférica, já que estava fingindo ignorá-las e, portanto, não as poderia olhar de frente. Uma delas fazia um rancher horrível que encomodava meus ouvidos, mas eu não protestei e tentei me ocupar com diferentes pensamentos, como o almoço de domingo que minha mãe estava pensando em fazer. Até que o barulho parou, mas em seguida, a última da esquerda começou a bater, como se uma tempestade do outro lado estivesse a empurrando com seu vento forte. Pude sentir um sopro tocar meu rosto e fechei os olhos por alguns segundos. Após as demonstrações de cada porta, todas passaram a fazer em sincronia, como se fosse para me enfernizar, e eu sabia que era. Para eu enlouquecer, me por de pé e entrar logo em alguma para que aquilo tudo parasse. Mas eu tinha de ser forte, por experiência básica, faze-lo faria de mim impulsiva, e isto era um defeito que há tempos vivia em mim e que estava tentando sanar.
Estralei os dedos algumas vezes, me levantei e fui olhar pela janela, ela estava fechada e então aproveitei o reflexo para me observar. Eu estava um pouco abatida, mas as olheiras eram normais, as tinha como marca de nascença, talvez. Eram constantes, hora mais profundas, ora menos. Meu cabelo estava relativamente grande, liso, e não com cachos ondulados pendendo nas pontas, como eu gosto. Vestia minha camisola branca surrada, mas que me caí muito bem. Minha pele estava mais clara e eu me perguntei se era falta de raios ultravioleta ou apenas efeito da luz no ambiente. Tentei me concentrar em minha imagem e deixar as portinhas se debaterem sozinhas, até se cansarem.